domingo, 7 de outubro de 2012

Puta cadáver parte II


Quando eu a conheci ela já estava morta
era uma prostituta na beira da estrada pedindo carona
Tão branca como um cadáver
linda, suave, sensual... a mais bela das belas
eu viveria com ela para sempre se não estivesse morta

Ela pensou que eu poderia ajudá-la
mas eu já estava morto
eu só queria lhe usar

Mesmo não me conhecendo ela entrou no carro
passeamos pelo cemitério por toda a noite
e trocamos juras de amor (para mim sem valor)

Eu sempre soube que ela nunca amou ninguém
(ela tentava me guiar para sua cova)
uma alma presa na carne... no pecado
uma ninfa louca por sexo
morreu envenenada quando provou o próprio sangue

Por um momento eu mesmo cheguei a me iludir
tentei acreditar que o que sentia por ela era amor
eu estava meio morto e confuso
tudo que eu queria era amenizar minha dor
Mas foi em vão pois a noite era tão sombria
eu tentava escrever poemas falsos...
mas o meu lado escuro me encobria
e ela...
...é só um cadáver

(Desregulado, invertido
chorando com o coração partido
você mentiu, você disse... você sonhou
você me iludiu, me prendeu e sufocou
"Tão insensível", "Amanhã não se sabe"
Desprezível! nós sabemos da verdade
não falo, não mudo... eu admito..
mas irei continuar aqui, escondido.)

Depois que eu joguei seu corpo na estrada
liguei o som no último volume e me envenenei
admirei a lua, a minha dor tinha passado afinal...
Enfiei aquela cruz no túmulo do Passado
seu cadáver também ficou pra traz
ele fedia, estava caindo aos pedaços.
eu só a usei
Ela estava tão podre
a única coisa que prestava era o seu cadáver

No cemitério jurei nunca te perder
falsidade à parte
eu só queria te comer
Você acreditou mesmo que eu poderia ajudá-la?
você acreditou que eu podia salvá-la?
Se você ao menos tivesse me ouvido...

(Agora é tarde
o funeral acabou, ninguém veio
ninguém chorou por ela
ninguém nunca se importou com ela
nem comigo)

Oh querida, eu só te usei?
Você se importa? Não foi você que me usou?
querida, eu só te usei

E você acreditou mesmo
que eu a tiraria do caixão?
eu não quero um corpo podre
já tenho o meu

ela sempre foi tão vazia...

"Acha mesmo que eu sairia de mãos dadas com um cadáver?"

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Depois de muito tempo dormindo o sono dos mortos, acordo para um pesadelo, e a escuridão mais uma vez volta, e se agarra a mim demonstrando todo seu amor.